EDUARDO DAMASIO - V

 Vendedor pracista, bem-humorado e cheio de histórias. A última inspiração contada aos amigos, antes de mudar-se para outro estado, foi lamentavelmente “Clube Cemitério − Eis o Nome”. Os amigos estavam convencidos de que ilustrou a dor da separação conjugal.


CLUBE CEMITÉRIO - EIS O NOME 

          Encontrava-se na fria Perdizes das Acácias, localizada ao sul do estado. Findado o dia de ótimas vendas, o colega de outra companhia e ele tomavam café no hotel. Proseando, o colega que já tinha visitado a cidade, afirmou que, em Perdizes das Acácias, havia um clube noturno. Funcionava a partir das 22:00 horas. Situava-se a trezentos metros distantes dali. Tecendo elogios ao clube o convidou visitar o local. No entanto, o colega recusou pois prepararia o relatório das vendas realizadas. Como já tinha preparado o seu relatório, trocou-se e, por volta das 22:00 horas, dirigiu-se ao clube. Saudou o porteiro e adentrou. Havia razoável número de pessoas, algumas dançavam e outras conversavam. Dirigiu-se ao balcão. Como na manhã do dia seguinte visitaria um município vizinho, optou-se contentar com refrigerante. Conversador que era, logo se entrosou… Havia numa área livre um grupo de pessoas entorno de uma mesa e o corte de cabelo de uma das fêmeas lhe chamava atenção. Mesmo de costas, sentiu-se fascinado por ela. No ínterim, um saudoso amigo surgiu. Depois de vários abraços passaram a reviver os bons tempos do colégio, do futebol, das farras, enfim. Especulando-se o paradeiro de memoráveis nomes, quis saber por onde andava Caloula. O amigo que torcia por aquele romance cochichando no ouvido dele, disse que ela se encontrava ali, apontou para a fêmea cujos cabelos o fascinava. Olhou-os com o coração saltitando de emoção. Ao voltar-se, o amigo seguia arrastado pela namorada, mas em mímica, dizia para que se aproximasse dela. Ajeitou o casaco e dirigiu-se à mesa. Ela, ao vê-lo, ergueu-se e, emocionada, o apresentou aos demais. Sentou-se ao lado e passaram a conversar. A conversa foi tão envolvente que, ao se darem conta, estavam a sós à mesa. Uma música romântica de época tocava. Convidou-a para dançar e, juntos, rostos colados, dançaram absorvendo a letra da canção que falava não mais do que eternas juras de amor. O reencontro culminou numa cabana na serra.
          Então, no hotel, com ar radiante de felicidade, se preparava para visitar o município vizinho. Lembrou-se de que havia esquecido o casaco no clube. Passaria para pegá-lo. Ao estacionar na porta da edificação, despertou para a realidade… Adentrou o cemitério, na área livre, onde a mesa estivera posicionada, havia um túmulo sobre o qual descansava um casaco.
 
 
ILUSÃO OU FATO?